David Cage é atualmente um dos produtores de jogos que mais
procura a inovação e atingir a experiência mais rica e definitiva no mundo dos
jogos. Isto foi o que nos foi prometido com o novo jogo da Quantic Dream que
depois de ter brilhado com Fahrenheit para a Playstation 2, estreia-se agora na
PS3 com Heavy Rain que prometia ser uma experiencia tão envolvente que nos iria
fazer sentir como se estivesses num filme jogável e no qual as nossas decisões
realmente fizessem a diferença. Terá isto sido conseguido ou terá este jogo
sido uma desilusão do inicio ao fim?
Heavy Rain é uma experiência sem igual no mundo dos videojogos,
cada vez mais dominado pelos shooters que pouco ou nada representam o mundo
real onde vivemos, Heavy Rain retrata todos os momentos que podemos atravessar
na nossa vida, desde a perda de alguém que amamos, à destruição de uma família
feliz ou até mesmo o vício das drogas, todos estes problemas são retratados em
Heavy Rain com o objetivo de nos fazer ligar aos acontecimentos retratados e de
nos fazer enriquecer depois desta experiência. Sendo o lema do jogo “Até onde
estás preparado a ir para salvar alguém que amas?”, é fácil perceber que
estamos perante um jogo capaz de testar a nossa própria personalidade e como
iriamos agir em situações de enormíssima tenção sabendo que o que decidirmos
irá afetar o desfecho das situações.
Em Heavy Rain assumimos o controlo de 4 personagens totalmente
diferentes e sem qualquer ligação entre si, embora as suas vidas sejam afetadas
de uma forma ou outra pelo Assassino do Origami, um assassino que afoga as suas
vítimas em água da chuva abandonando-as depois em descampados com uma figura de
origami na mão.
Ethan Mars |
Ethan Mars é um arquiteto que começa por ter uma vida perfeita com a sua mulher
e o seus filhos, mas o que parecia ser uma família feliz para toda a vida foi
repentinamente destruída com a morte do filho mais velho atropelado num
acidente no qual Ethan é também atingido ficando 6 meses em coma.
O jogo avança 2 anos após o acidente fatídico, Ethan está já divorciado e
sente-se culpado pela morte do seu filho sendo assombrado por vários “blackouts”
sendo que num destes “blackouts”, o seu outro filho é raptado pelo assassino do
Origami que irá levar Ethan a realizar umas provas para conseguir descobrir
onde o seu filho está preso antes que seja tarde de mais.
Norman Jayden |
Norman Jayden é um investigador do FBI que foi destacado para ajudar a polícia
local na investigação aos homicídios relacionado com o Assassino do Origami,
sendo a sua área de trabalho os perfis psicológicos. Norman possui uma
engenhoca bastante futurística chamada “ARI” que basicamente são uns óculos que
permitem aceder a pistas e ficheiros sobre o caso e também análise de cenas do
crime de forma quase imediata e sem esforço. No entanto Norman apresenta uma dependência
a uma substancia chamada de “tripto” sofrendo muitas vezes ataques quando não a
toma durante algum tempo.
Scott Shelby |
Scott Shelby é um investigador privado contratado pelos pais das vítimas do
Assassino do Origami que conduz uma investigação aparte da polícia aos homicídios.
Shelby dedica-se a obter informação dos pais das vítimas tentando perceber os
motivos do Assassino.
Por último temos a jornalista Madison Paige que com um passado perturbado e
misterioso vive assombrado com pesadelos e insónias que a começam a levar a
loucura.
![]() |
Madison Paige |
Embora não tenham nada a ver uns com os outros as suas vidas acabam por se
cruzar devido ao Assassino do Origami.
O jogo começa de forma lenta, talvez demasiado lenta tendo em conta que a
duração total da história não chegará sequer às 10 horas, mas aceita-se pois
sendo os controlos diferentes do comum é necessário um período de habituação.
É também verdade que existem alguns “plot holes” mas nada que estrague a
experiencia.
O gameplay desde jogo, tal como disse, faz um uso pouco comum dos
controlos que parecem estranhos e pouco naturais inicialmente mas sem dúvida
que são simples.
Para realizarmos determinadas ações é nos pedido que manobremos o analógico
direito de determinado forma ou então para premir determinado botão e de determinada
forma, sendo clicando uma vezes, várias ou manter premido, consoante a ação que
estivermos a realizar ao mesmo tempo que utilizamos o R2 para nos movermos e
embora pareça demasiado mecânico adequa-se perfeitamente ao ritmo do jogo e
faz-nos sentir ainda mais a pressão de não poder falhar em determinados
momentos.
O jogo oferece-nos também a possibilidade de ouvir os pensamentos das nossas
personagens, isto permite-nos não só aumentar a nossa ligação as personagens e também
identificarmo-nos melhor com estas mas também como forma de nos fazer perceber
o que é que devemos fazer a seguir.
As decisões que tomamos ao longo do jogo, bem como a forma como abordamos
determinadas situações e o sucesso ou insucesso das nossas ações levarão a um
final especifico querendo com isto dizer que existem vários finais possíveis,
21 para ser exato, todos eles com diferenças significativas que assim aumentam
o interesse em jogar mais que uma vez o jogo para ver o que acontece se tomarmos
decisões diferentes.
Os gráficos deste jogo são muito bons, a caracterização das
personagens é simplesmente fantásticas do melhor que já se viu nesta geração,
ambientes ricos e diversificados com uma beleza indescritível e a cereja no
topo do bolo é sem dúvida a chuva, ver as nossas personagens constantemente
encharcadas, com água a escorrer pelas suas faces e a encolherem-se com frio é
simplesmente maravilhoso dando ainda mais emoção ao jogo.
A câmara pode também representar um problema muitas vezes pois como apenas temos
duas formas de ver a ação de frente para a personagem ou por trás da personagem
e por vezes a possibilidade de poder orientar a câmara à nossa vontade seria muito
bom.
O voice acting do jogo é muito bom e as vozes portugueses não
ficam em nada atrás das originais sendo inclusivamente, na minha opinião,
melhores do que as originais. Os atores que deram voz ao jogo souberem muito
bem captar a essência do jogo e também a personalidade das personagens.
A banda sonora do jogo é também espetacular a mudança repentina da musica a
correr durante a ação aumenta sem dúvida a espetacularidade, sabendo ser rápida
em momentos de alta tensão e calma em momentos mais calmos, adaptando-se assim
de forma bastante eficaz ao que é pedido pelo jogo deste gênero.
Concluindo, Heavy Rain é sem dúvida uma experiencia fantástica e
sem igual que redefine completamente a ideia de videojogo. Recomendo a todos os
que procuram algo diferente e também a todos que estão presos às dezenas de
shooters que estão constantemente a sair e que não representam nenhuma novidade
para o mundo dos videojogos. O jogo encontra-se totalmente em português e
embora possua alguma falhas a história é tão espetacular e fantástica que
quando olharem para trás e pensarem no jogo nem se quer se vão lembrar de tal
falhas.
10/10
Excelente análise. Falas bastante sobre o jogo (personagens, grafismo, jogabilidade, história, banda sonora, etc) e vê-se que jogaste o jogo com tanto gosto que falaste isso tudo com enorme naturalidade. Que fique registado, gostei mais da tua análise do que muitas análises feitas por profissionais para revistas ou sites de videojogos. Porquê? Porque muitas dessas pessoas já não jogam por gosto, jogam porque tem que ser, jogam porque são obrigadas a tal para no final do mês receberem o salário.
ResponderEliminarAcho que devias pensar seriamente em mandar currículos para a Eurogamer Portugal, pois fazes melhores analises do que muitos deles.
Parabéns pela excelente análise.
Com os melhores cumprimentos,
Luís Almeida (mais conhecido como: luis_matador_1)