sábado, 14 de julho de 2012

Uncharted 3: Drake’s Deception


Uncharted é sem dúvida uma das maiores franquias desta geração de consolas, tendo começado a sua existência de forma um tanto ou quanto discreta com Uncharted: Drake’s Fortune, chegou ao estrelato com a sequela Uncharted 2: Among Thieves que recebeu críticas muito positivas tendo inclusivamente vencido o premio de melhor jogo do ano em 2009 nos Video Game Awards. Depois disto tudo, o hype era imenso para a terceira entrada da série e a Naughty Dog prometia muito para este jogo.
Em Uncharted 3 voltamos a encontrarmo-nos com Nathan Drake que tem como antepassado Sir Francis Drake, um dos maiores navegadores e exploradores da história. O enredo gira à volta de uma viagem sobre os quais foram apagados todos os registos. Segundo Nathan Drake durante esse período sem registo, Sir Francis Drake foi a pedido da rainha de Inglaterra, em busca da “Atlantis of the Sands” localizada algures no deserto Rub'al Kahli. Seguindo pistas deixadas por T.E Lawrence e Francis Drake, Nathan Drake embarca assim numa nova aventura que o levará a cenários bastante diversificados e ao contacto com alguns conhecidos das aventuras anteriores. Tal como em jogos anteriores temos um vilão, neste caso uma vilã, Marlowe que juntamente com o seu braço direito Talbot farão tudo para chegar à “Atlantis of the Sands”, tentando diversas vezes pelo caminho eliminar Drake. O enredo é muito bem construído e embora não acham muitos momentos que nos surpreendam em termos de rumo que a narrativa toma, a história não deixa de ser interessante muito ao estilo do que a Naughty Dog já nos vêm habituando nesta série. Mas como qualquer fã de Uncharted sabe o segredo do sucesso da série não está na narrativa em si, mas sim nas personagens que dão vida a essa mesma narrativa. As personagens estão de tal forma bem criadas que nós nos importamos com elas, sofremos quando elas estão em situações de aperto e sorrimos com algumas piadas secas que são mandadas para o ar. As relações entre as personagens são tão realistas que nos sentimos de tal forma presos ao jogo que ficamos desorientados quando tudo acaba e temos de voltar a nossa vida habitual.
É neste ponto que fiquei mais desapontado com Uncharted 3, as relações entre as personagens não foram exploradas, apenas num dos capítulos estas foram exploradas e são relativas a apenas duas personagens. Depois dessas temos várias que aparecem no jogo para nos ajudar em determinado momento mas sobre os quais não existe quase interação nenhuma em as personagens para além da narrativa principal. Personagens como Chloe e Elena que desempenharam papeis tão importantes em jogos anteriores e que neste jogo parecem quase insignificantes. Personagens que nós fomos aprendendo a gostar depois de tanto tempo dedicado a elas. E que neste jogo continua a persistir todas as dúvidas que apareceram após Uncharted 2 e até mesmo durante Uncharted 3 que chegaram ao fim sem resposta.
Em termos gráficos Uncharted 3 é uma delícia para os olhos, não que tenha existido uma melhoria significativa em relação ao jogo anterior, mas a variedade de cenários neste jogo é algo de simplesmente fantástico, algo que nunca vi noutro jogo até à data. Começamos nas ruas de Londres com locais onde podemos observar toda a beleza da cidade durante a noite, passando depois pelos mais habituais mas igualmente belos cenários verdejantes na zona de Paris e também por um museu na Síria marcado por uma arquitetura antiga. Depois passamos por uma espécie de uma lixeira de barcos onde à água marca uma presença assídua, por fim e o local onde se mostra todo o potencial da consola Sony, as areias do deserto de Rub'al Kahli. A forma como a areia se movimenta e como ficam marcados na areia a marca dos nossos passos é algo capaz de deixar qualquer um de boca aberta pois nunca antes se viu tal coisa nas consolas.
Algo que a Naughty Dog domina como ninguém são os ângulos da câmara, algo que pode perfeitamente parecer insignificante, mas que tal como os produtores de Uncharted fazem questão de provar desempenha um papel importantíssimo na forma como a história chega até nós e como o nosso cérebro capta esses mesmos momentos. Estas variações dos ângulos da câmara em algumas sequências aumentam de forma significativa a nossa imersão no jogo dando origem a sequências simplesmente espetaculares. Uncharted 3 faz também uso do 3D estereoscópico e é sem dúvida o jogo que até à data melhor usa o 3D com efeitos em determinadas sequências de grande qualidade.
No que ao gameplay diz respeito não existem grandes novidades em relações aos jogos anteriores da série, sendo que a única alteração foi a possibilidade de atirar de novo aos inimigos as suas próprias granadas. Algo que ganhou uma importância enorme em relação aos jogos anteriores foi o combate corpo-a-corpo que sinceramente não gostei. Eu gosto de tentar eliminar o máximo de inimigos em modo stealth, mas estar constantemente a ser obrigado a, durante uma situação de tiroteio, ser obrigado a lutar corpo-a-corpo não é divertido e para além as animações são, apesar de boas, extremamente repetitivas dei por mim a reparar que contra um único inimigo o Drake repetia o mesmo movimento umas três vezes. Assim sendo Stealth sim, combate corpo-a-corpo não.
O elemento de “Shooting” de Uncharted 3 contínua em tudo igual a Uncharted 2, podemos ter duas armas, uma de pequeno porte e outra de grande porte juntamente com as granadas. O sistema de cover continua eficiente mas o melhor das sequências de “shooting” não reside nesta pequenas coisas, mas sim naquilo que a Naughty Dog faz que mais nenhuma outra produtora consegue fazer. Em quase todas as sequências os cenários encontram-se em constante mudança desde voltas de 180º graus ou mesmo as ondas das águas a afetarem a precisão dos nossos tiros. Isto requer uma maior capacidade de adaptação das condições do ambiente que nos rodeia sem que nunca sabemos quando é que de um momento para o outro as coisas podem alterar de posição. A IA é também eficaz pois os nossos colegas de combate ajudam-nos muitas vezes a eliminar inimigos. Um dos problemas que volta a surgir em Uncharted 3 que havia sido resolvido no jogo anterior é o exagero nas ondas de inimigo em determinados capítulos do jogo, ficando nós com a sensação que é apenas uma tentativa de aumentar o tempo de jogo e não de aumentar a qualidade da experiência.
As sequências de plataformas regressam e continuam ao nível altíssimo que se apresentavam no jogo anterior. Drake continua a movimentar-se com uma fluidez notável embora continue a parecer que ele seja um super-homem. Estas sequências permitem diminuir o ritmo das sequências de “shooting” embora por vezes os dois elementos se juntam numa só sequência memorável. Os Puzzles estão também de regresso e desta vez são mais complexos mas igualmente agradáveis deixando em nós uma sensação de que somos mesmo perspicazes e inteligentes para os resolver embora os livros de Drake e T.E. Lawrence deem uma ajuda.
Para aqueles menos familiarizados com a jogabilidade de Uncharted, o jogo faz um excelente trabalho em inserir o tutorial durante o início do jogo oferecendo ao jogar situações inseridas na história, evitando jogar um tutorial separado, fazendo assim o tutorial não uma obrigação mas como uma iniciação não só à história mas como à própria jogabilidade.
Quem joga Uncharted sabe que aquilo que torna o jogo tão especial são as fantásticas cinemáticas que acontecem mesmo durante momentos em que estamos a controlar a personagem. Uncharted 3 está repleto destes momentos, momentos belos e marcantes capazes de ficar na história dos videojogos. No entanto fiquei triste porque grande parte desses momentos espetaculares já tinham sido vistos várias vezes nos inúmeros trailers do jogo antes do seu lançamento. Espero que a Naughty Dog não cometa o mesmo erro no futuro. Mas em Uncharted 3 a Naughty Dog fez questão de adicionar algumas animações simplesmente deliciosas, desde Drake a afastar moscas no Iémen ou a cambalear em pleno deserto, tudo isto faz parecer o jogo incrivelmente realista.
O multiplayer volta a marcar presença e mantém-se fiel ao do jogo anterior. Um multiplayer muito guiado para a capacidade de personalização das nossas personagens, pois esse acaba por ser o maior objetivo no multiplayer. Existem vários tipos de missões, desde as simples missões de eliminar a equipa adversária, a conseguir levar um tesouro para um local seguro.
Consoante a nossa prestação recebemos experiência que nos faz elevar no ranking e receber dinheiro para desbloquear novas personagens, armas, etc. Foi também adicionada o modo cooperativo que pega em sequências de Uncharted 2 e 3. É um modo interessante para jogadores que gostam de multiplayer e pode oferecer muitas horas de diversão.
Concluindo, Uncharted 3: Drake’s Deception é um jogo fantástico, do melhor que se pode encontrar atualmente nas consolas e que faz inveja a todos os que não possuem uma PS3.
A campanha dura cerca de 8 horas o que é demasiado curto para um jogo de que se espero tanto mas quando o trabalho é tão bom não nos podemos queixar muito. Para além da campanha têm o multiplayer e também os habituais tesouros espalhados pelos locais da campanha. No entanto não consegui deixar de pensar depois de jogar o Uncharted 3 de que era mais do mesmo que já era Uncharted 2, não que isto seja mau mas gostava que Naughty Dog se aventurasse por caminhos diferentes dentro da série Uncharted. A mensagem final é que este jogo é uma compra obrigatório pois jogos como este não há muitos.
9/10

sábado, 7 de julho de 2012

Mass Effect 3: Extended Cut DLC - Artigo

SPOILERS!


Após o lançamento de Mass Effect 3, as criticas foram unanimes, um dos melhores jogos da história dos videojogos. No entanto nem tudo foram rosas para a produtora Bioware, que foi absolutamente bombardeada por criticas ao final do jogo, tanto profissionais como fãs, foram unanimes ao afirmar categoricamente que o final do jogo ficava muito aquém do esperado e não correspondeu em nada às promessas de finais totalmente diferentes e de conclusões definitivas para todas as personagens por parte da Bioware. Assim nasceu o DLC Extended Cut, através dele a Bioware oferece, não novos finais, mas sim alargas os finais já existentes numa tentativa de trazer um sentimento de maior satisfação e conclusão à história que estivemos a desenvolver durante 3 jogos inteiros.Aquilo que os fãs mais reclamaram, não foi o final em si, o facto de estarmos confinados a três escolhas finais, mas sim a quantidade enorme de "plot holes" que se encontravam em apenas dez minutos de jogos.

Vamos então recordar alguns desses mesmos "plot holes" e as suas respectivas alterações ou explicações:

Destruição dos "Mass Relays" - no final original do jogo era possível verificar que independentemente da nossa escolha tanto o "Citadel" como os "Mass Relays" eram destruídos e isso significaria que sistemas inteiros seriam igualmente destruídos. Pois bem com o DLC isso já não acontece. Os "Mass Relays" ficam simplesmente danificados mas em claras condições de serem reconstruídos.

Fuga do "Normandy" - Ninguém conseguia conceber o porquê de Joker, que esteve sempre ao lado de Shepard em todas as missões consideradas suicidas, iria simplesmente fugir a meio da batalha deixando Shepard para morrer. Agora temos a explicação para isso com um cutscene que mostra Hackett a dar ordens após a ativação do "Crucible" para abandonarem o sistema, sendo possível ver Joker visivelmente transtornado por ter de abandonar Shepard.

Destruição do "Normandy" - Também o "Normandy" tal como os "Mass Relays" era visto no final original bastante danificado enquanto do sistema. Agora tal já não acontece, "Normandy" não apresenta quaisquer danos e já não vemos Joker quase em desespero para salvar a sua nave.

Aparecimento dos Squadmates que nos acompanhavam até ao "Beam" de acesso ao "Citadel" no "Normandy" - Agora temos uma explicação em formato cutscene onde os squadmates são atingidos com gravidade, sendo Shepard obrigado a chamar o "Normandy" para resgatar os companheiros.

Estes eram os principais "plot holes" do final original mas os seus problemas não acabavam aqui. Os fãs queixavam-se também da ausência de respostas que havia após a tomada de decisão no final do jogo. Isso também foi corrigido mas já lá vamos.

Algo que deixou os fãs irritados foi a espécie de Deus em forma de criança que aparece mesmo no final do jogo. Continua a haver algumas falhas na lógica deste "VI" mas agora temos a possibilidade de dialogar com ele, fazendo perguntas à cerca de cada opção e obtendo respostas mais detalhadas que nunca fazendo assim tudo mais sentido do que no final original em que Shepard não se opunha a nada que o "VI" afirmava.

Por fim tal como havia dito temos acesso a cerca de 6 minutos com o relato por parte do Admiral Hackett, se escolhermos destruir, do Shepard se escolhermos controlar e da EDI se escolhermos a opção Synthesis. Cada uma mostra através de imagens e algumas cutscenes tudo o que sucedeu à decisão. Existe agora também uma opção em que não optamos por nenhuma das três opções em que isso origina consequências desastrosa levando à vitória dos "Reapers".

Apesar das obvias melhorias no final existem ainda algumas questões que gostaria de ver respondidas como: Porque é que o Ilusive Man tem o poder de controlar o Shepard (fazendo-o disparar sobre o Anderson)?; Porque é que o Ilusive Man quando se suicida (no caso de vos ter acontecido isto) não se vê uma unica ponta de sangue como se verificou por exemplo com o Saren no primeiro Mass Effect?; Porque é que o Shepard tem um ferimento no abdômen tal como o Anderson?; e finalmente Como é que o Shepard aparece vivo no fim do final destruir?

Com isto pretendo dizer que o DLC Extended Cut é claramente o final que devia vir com o jogo original. Se podia ser melhor? Podia mas não se pode agradar a todos. O que me leva a pensar que isto pode ter acontecido porque a EA tratou de apressar o trabalho da Bioware.

Agora a minha opinião à cerca de futuras situações como esta é que as produtoras não devem ceder às pressões dos fãs, como a Bioware o fez. A questão aqui é que o jogo já deveria ter vindo com um final desta qualidade desde o inicio. No entanto agradeço à Bioware por ter tentado e sobretudo conseguido satisfazer as vontade dos seus fãs. Esperemos que a EA tenha aprendido com os seus erros.